terça-feira, 28 de julho de 2009

22


22

Tenho quase certeza de que te vi ontem. Passaste rápido, quase correndo. Não sei aonde irias ou atrás de quem irias. Isto pesou no meu dia.

Invariavelmente voltei ao passado. Voltei as curvas do teu corpo e ao teu delicioso sorriso. Voltei ainda as quentes noites de verão quando, na sacada, deitávamos bebendo qualquer coisa refrescante e contemplávamos as luzes da cidade. E depois fazíamos amor.

Mas o dia estava frio. O vento percorria minha alma enquanto eu esperava ali quando te vi. Há quanto tempo mesmo havíamos nos despedido? Havíamos mesmo? Um pequeno som de tristeza percorreu minha alma. E em breve me lembrei daquela doce melodia triste que tu tanto gostavas. E tu insistias para que eu a tocasse. E desde então eu nunca mais a toquei. Como era ela mesmo?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Fragmentos.

I


Estava ali meu objeto de desejo. Acompanhava seu namorado marombado de pinto pequeno. Feliz feito um bugio, ela ria como uma hiena. Tentei dizer isso pra ela. Mas ela não entendeu e me perguntou quem era a Hiena.

Em determinado momento, sentou-se do meu lado. Levantei meu copo em sua homenagem. Era a terceira ou quarta capirinha? Meu pensamento já estava mais lento. Minhas ações mais demoradas. Minhas impressões sobre a vida mais alegres. Pôs a mão sobre a minha coxa.
- Ainda me lembro daquela noite.
Filha da puta, pensei. Vaca. Resolvi me fazer de desentendida.
- Olha só. Com tantas noites, justo aquela. - Disse ligeiramente devagar estas palavras. Sua mão pressionou minha coxa.
- Poderíamos repeti-la.
Filha da puta, pensei de novo.
Fiquei em silencio.

Anoitecia.


II


Conversávamos. E ela me perguntou se eu tinha algum pedido a fazer. A única coisa que pude pensar a dizer a ela era esteja maravilhosa. Seu sorriso malicioso não me deixou pensar outra coisa. E dali, até nosso furtivo encontro, pensei em como ela estaria. E eu sabia que não iria me decepcionar.


III


Mas o dia amanheceu. E amanheceu mal. Não deveria ter amanhecido. A noite deveria ser eterna. A janela aberta deixava um vento frio entrar. A claridade mostrava toda a bagunça do quarto: reflexos da noite anterior. Ela se levantava pé ante pé. Difícil era sair do aconchego do edredom. Pela janela só se via brumas. Não era inverno, mas fazia frio; tampouco outono, mas as brumas cobriam todo o horizonte a as casas ao redor. O despertador tocava uma música. As palavras e a melodia melancólica ditariam o dia.


I am missing someone but I don't know who
Now I'm standing alone and I'm trying to remember
Sometimes I wonder how I ever started loving you
Someone help me understand why I'm still love you