sábado, 24 de julho de 2010

Bring me back

Ela olhava as estrelas no céu. E se perguntava: o que é o amor? O amor, diziam as pessoas, é aquele sentimento que corroí a gente por dentro; é aquilo que nos faz mudar uma vida pela pessoa que a gente ama. É mais: é direcionar todas as nossas forças para o bem comum. Quando o amor acaba? Isso as pessoas não sabiam responder. Não sabiam mensurar, nem em que direção seguir. E a pergunta que ela se fazia é: ele realmente acaba?

Deitada no chão, contemplando as estrelas, ela chorava. E pensava no seu amor. Pensava sem parar nos últimos abraços, nos últimos afagos, no ultimo sexo sem saber, realmente, que eram últimos. Relembrava cada detalhe daquela convivência de quase uma vida enquanto as lágrimas banhavam seu rosto. A lembrança que mais doía era aquela de envolver o corpo da amada nas noites de frio, de protegê-la dos pesadelos noturnos e de mimá-la ao amanhecer.

Um dia, perdido no passado, o amor bateu na sua porta. Veio disfarçado de amizade, se é que isso era possível. Preencheu sua vida com novos problemas, com novos desafios, com novas convivências. E um dia, sem avisar, foi embora. O amor fez as malas e saiu pela porta sem ao menos se despedir. E como seria dali pra frente? Porque quem partiu foi sua amada e não ela própria. Ela, deitada no chão, procurava órion no céu. Lembrou-se, de repente, que era inverno e que o guerreiro estelar só surgiria no horizonte ao amanhecer. E da mesma forma que ela esperou órion no horizonte, desejou que sua amada voltasse para casa, com um vaso de flores e um sorriso no rosto.

E adormeceu com a sensação de que o tempo voltaria e de que teria sua amada novamente nos braços.

You will remember when this is blown over,
And everything's all by the way,
When I grow older,
I will be there at your side,
To remind how I still love you
I still love you
I still love you

terça-feira, 13 de abril de 2010

Marguerita

Era mais um daqueles chatos encontros de casais: todas elas estavam apaixonadas e insuportáveis, vertendo mel pelos poros. Carla me levou porque não tinha quem mais levar. Estávamos há um tempo só de rolo, mas Carla, que era uma menina boa de coração, achava que estávamos namorando. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde quebraria o coração de Carla.

Chegamos e a mesa já estava praticamente composta. Com exceção de Juliana, não conhecia mais ninguém. Mas belos olhos azuis me chamaram a atenção e poucos segundos depois meu olhar captou que aqueles olhos azuis não tinham companhia. Ou a companhia havia sido subtraída da mesa misteriosamente ou os belos olhos azuis estavam desacompanhados.

A conversa rolava de forma agradável embora tediosa em minha opinião. O que eu queria mesmo era sentar ao lado de Ana - sim, os olhos azuis ganharam uma identidade - e conversar. Eu a olhava sem parar e ela me retribuía o olhar de forma quase adolescente, sem saber onde se meter naquela mesa.

E Ana foi ao banheiro e convidou irresistivelmente alguém para acompanhá-la. Lá me fui enquanto Carla se divertia com as histórias que eu não agüentava mais ouvir.

Fui agressiva, confesso. Esperei Ana se dirigir a pia e enquanto lavava as mãos, perguntei se poderia beijá-la. Assim, ali mesmo, na maior cara de pau. Completei que não namorava Carla. Era só um quebra-galho ou sei lá o que eu disse no momento. Ana me olhou por um momento e sem dizer palavra tocou meus lábios. Em seguida me deu o beijo mais maravilhoso que eu poderia receber. Shiiii, disse, a Carlinha não pode saber. Nada respondi por que Ana se foi. E eu saí em seguida e fui contar a Carla que havia descoberto que Ana estudara na mesma escola que eu e tínhamos amizades em comum. Mentirinha, claro. Mas pude me sentar de frente à Ana para papear e por alguns minutos a terra parou.

Carla me chamou. Íamos embora. Mas consegui, triunfante, telefone e email de Ana. Não me entenda mal. Carla era uma excelente garota e tinha os mais belos seios que eu já havia visto. Mas o magnetismo do olhar de Ana me atraiu de tal forma que não pude resistir.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Lustres.

Eu sempre a ajudava. Desta vez eram os lustres. Ela queria alguém para instalar os benditos lustres.

Era sábado de tardezinha e passei na casa dela. Era um novo endereço. Novos ares, ela me disse. O céu preparava uma bela tempestade e eu me preparava para vê-la. Mãos naturalmente suadas. Corpo enrijecido.

Pendurada no alto da escada e com o auxilio de uma lanterna eu a ouvia. Ela falava de um problema especifico do trabalho que eu mal ouvia. Mas eu a amava. Amarrei os fios, pendurei o lustre. Deus, como era lindo. Não, não era o lustre. Era a composição da silhueta dela contra a claridade do lado de fora da janela.

Ela me procurava sempre quando eu estava solteira. E às vezes quando eu estava acompanhada. Sabia como me seduzir e sabia que eu iria aceitar. Eu certamente a amava. Mesmo com toda aquela cretinice eu a amava.

Noites seguidas eu sonhava com seu corpo. Noite seguidas eu sonhava em beijar seus lábios. Mas era de manhã e eles desapareciam. Assim como seu corpo escapava de mim lentamente depois que fazíamos sexo e ela ia embora.

Seus olhos eram penetrantes e me guiavam. Curtíamos os momentos mais agradáveis de minha vida, enquanto eu a amava e me arrependia de estar sempre de guarda baixa quando ela se aproximava. Sua pele macia se enroscava na minha e passávamos a noite acordadas beijando nossos corpos, conversando, fazendo sexo.

Deus, o que dizer?