Passou a fitar a rua com um misto de curiosidade e.... impaciência. Pelo quê ansiava? Minutos depois, muitos minutos depois, ela voltou. Trazia uma caixa de papelão e aguardou a sinaleira fechar. Atravessou a rua e mais uma vez aguardou a sinaleira fechar. Olhou para um lado, olhou para o outro e atravessou. E agora, ela pensou? Levantou de sua mesa, balbuciou algo e saiu do café. Caminhou um pouco mais rápido até alcançá-la.
- Camila. Te vi passando agora. Posso te ajudar?
Camila, como se já esperasse pelo encontro desencontrado, nada lhe disse. Apenas lhe passou a caixa. Bruna percebeu morangos ali dentro. E outros itens que sugeriam um supermercado. Claro, ela havia ido ao supermercado.
- Então fazemos assim – disse Camila – tu levas um pouco e depois me devolve. Não está muito pesada mesmo.
Totalmente à vontade, era verdade. A calça de moletom, os tênis e o casaco esporte a deixavam com um ar despojado. Bruna não pode deixar de notar.
Descobriu que ela morava próximo dali, algumas quadras talvez. Contou que a viu atravessando pela primeira vez e que tomava um champagne com os amigos, na boulangerie française da esquina.
Camila não quis demonstrar surpresa. Não quis demonstrar nada, na verdade. Há não ser desprendimento, despojamento. Subiu a rua carregando a caixa enquanto ouvia o som da voz de Bruna. Na frente do edifício agradeceu. Despediu-se com um beijo na bochecha, próximo de seus lábios, mas tão próximos, que Bruna sentiu sua respiração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário