quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Eu Te Amo

Enquanto eu descia as escadas ela gritou furtivamente palavras que ecoaram longe em meus ouvidos: eu te amo.

Parei onde estava. Ouvi a porta se fechando. Obviamente era uma manobra; ela queria que eu voltasse para seus braços. Mas tinha coisas a fazer e precisava mesmo sair.

Seria uma manobra mesmo? Ali, parada nas escadas me perguntei qual o sentido daquela frase. Pensei ter ouvido a porta se abrir novamente, bem de leve, como se ela estivesse espiando por entre a fresta vendo se eu voltava ou não. Mas eu continuava ali, parada. Resolvi não voltar. Precisava mesmo era me fazer de difícil, afinal, já estava ali naquela situação há dois meses.

Havíamos nos conhecido em uma livraria. Esbarrei nela duas vezes e, na segunda, quase deixei um livro cair sobre sua cabeça. Estávamos na seção de culinária. Eu procurava avidamente por um livro de Sushi. Ela, bem, ela olhava com olhares críticos tudo o que via e eu não imaginava que conheceria seus dotes culinários tão bem como vim a conhecer.

Se não bastasse nos encontramos no caixa. E depois, novamente, na fila do cinema. Estava sozinha e disse-me que tinha reservado o dia apenas para si; me contou que absorvia a energia das pessoas ao seu redor e quando queria desopilar o fígado ou saía sozinha ou ia para o meio do mato. Não pude me conter e disse um patético ‘que bom que preferiu sair sozinha’. Claro que uma deixada como esta suscitaria dúvidas e ela logo perguntou o por que. Tentei rodear, mas não pude me conter. Porque gostei de você e se tivesse escolhido o mato não haveria de te encontrar. Ela, muito resoluta, deu seu ingresso para um casal na fila da compra e me convidou para tomar algo.

E assim nos conhecemos. Meio novelesco ou não, o fato é que nos víamos com freqüência e com desejo cada vez maior. Jamais me esquecerei da primeira vez em que a tive nos braços. Foi uma sensação tão especial que me preencheu por completa e não pude deixar de notar como ela era perfeita em quase tudo.

Dentro do carro pensei no Eu Te Amo. O que significaria isto? Um amor para toda a vida? Algo passageiro? Amor, o que haveria de ser? Relacionamentos longos não eram meu forte: nunca tive muito sucesso em manter relações, especialmente com mulheres. As desejava loucamente, mas não conseguia as manter próximas por longos períodos de tempo. Não sei, algo de pele talvez.

Mas ela parecia ser do tipo insistente.

Naquela noite resolvi preparar algo especial. Estudei avidamente o livro de Sushi que estava na prateleira já a algum tempo e sai para comprar os ingredientes: as folhas de alga, os recheios e um macarrão para um pequeno yakisoba. A chamei para curtir uma noite no oriente. Ela riu.

Minha experiência culinária foi desastrosa. Nada saiu direito com exceção do yakisoba – esse já era cliente da minha cozinha. Mas o melhor foi a sobremesa. Não, não vou cair na pieguice de dizer que sobremesa seria ela.

A sobremesa foi uma conversa séria e maravilhosa sobre o Eu Te Amo. Eu não tinha dúvidas que sentia algo muito forte por ela. Ela, sempre resoluta, repetiu o que eu havia ouvido na escada. Não uma, mas várias vezes.

Meu coração só faltou pular de tão feliz.


7 comentários:

Marcia Paula disse...

Hum,delicioso(e não estou falando do yaksoba).Beijos.

Ana e Jo disse...

Hi Dra!! Estou aqui no divã com o escopo de dizer-lhe que adorei o Blog, estou aqui "devorando-o"..
hehe..
Te encontrei lá na Isa!!
Gostei muito do jeito que escreves..

Beijos..

Boa semana!!

Jo (da Ana)

Anônimo disse...

Primeira vez no seu blog... Tô aqui pelo link no "Querida Bolacha".
Lindo texto... sério q isso td te aconteceu?
Adoro encontros casuais.. deixam a vida mais bonita!!

Boa sorte com o amor.. voltarei logo menos!

Bjs

Dra. Gô disse...

Obrigada a todas pelos comentários!Talvez nem tudo o que esteja nessas páginas escrito é verdadeiro, mas mesmo o real quando dramatizado torna-se ficcional... o que me faz pensar na tenue diferença entre o real e o imaginário.

Um abraço da Dra.!

Isa Zeta disse...

Preciso de ajuda.

Unknown disse...

Oi Dra.!
Seu blog eh d+. Nao me canso de reler. qnd vamos ter mais textos?

Anônimo disse...

Dra. Gô...
Seu blog é maravilhoso, estou encantada com seus posts...

Bjos